“Que? Meu presente do dia dos namorados é calcinha vermelha?”.
E desligou o telefone. Olhando pra mim,
continuou: “Por quê? Pra que? Se até os meus estudos eu queria terminar e ele
não apoiou? Já são quinze anos... Mas está perto do fim”.
Esta foi a conversa inspirada da minha hora de almoço com a Marilene. A
Marilene é a “tia da faxina”. Aquela, que dá um trampo, mora no Itaim Paulista
e vai pra Faria Lima quase todo dia e o marido ainda reclama quando ela demora mais de duas horas pra chegar em casa. A Marilene é aquela, que aos 45 anos, trancou o
curso de auxiliar de enfermagem porque o marido dizia: “É besteira gastar
dinheiro com isso, você tá velha”. A Marilene tem medo da vida de “separada”. Já
a filha de 15 anos apoia: “Mãe, vai viver sua vida, tem que ter alguém que te
valorize”. Sabe das coisas essa menina.
E a Marilene vai. Não sei quando, mas vai. Porque mesmo aos
45, ou 35 ou 56 ou 13 o importante é acreditar que existe amor além do amar.
Porque amar não é dizer que ama. É mais e um dia inteiro pra dizer o que faz da
palavra, o ato, seria pouco. O ato de abrir os braços num dia ruim. De
esquentar o leite porque levantou antes. Ou levar pra jantar no dia 12/06. Ou
no dia 15/08. Ou 01/01. Ou todos os dias, pra comer aquele hot-dog no podrão da
esquina. A cerveja no boteco perto do metrô. A mão que aperta a sua (bem
apertada) naquela cena de fim de temporada. O abraço depois do sonho ruim. A
conchinha pós coito. E todo o “resto”.
Se for só “Eu te amo” e mais nada, pode esperar. Porque príncipe
(e princesa) não existe e o “resto” é mais legal de acreditar. Ouvir “eu te amo”
é incrível e lingerie vermelha também é legal. Mas ter um (a) parceiro (a), um
(a) companheiro (a) que te olha, te compreende e acompanha tua vida é melhor.
Muito melhor.
Feliz dia dos que sabem se amar!