quarta-feira, 7 de março de 2012

.: Onde ir:.

Eu tenho medo de morrer. Muito. Sempre tive. Desde pequena, acordava no meio da noite e ia correndo pra cama da minha mãe. Só pra perguntar (chorando): "Quando a gente morre, tudo acaba???". Imagina? Eu tinha 7 anos!
E durante anos foi assim. Muita terapia, muito choro, muitos bate-papos com com religiosos, com gente de todo tipo e de toda crença. Só que a pergunta "pra onde a gente vai quando morre?" não me saía da cabeça. Era uma angústia genuína, que chegava a disparar o coração e dar medo. Já adulta, tinha de acender um cigarro ou beber um copo d'água, pra passar. 
Aí, um dia, eu conheci o León...


León é psiquiatra e médium. E amigo da minha avó. Um dia, me viu no meio de uma "crise". Sentou na minha frente e disse: "Fecha os olhos. Como se você fosse se preparar pra dormir. O que você faz?".
Pois bem, nunca tinha pensando nisso...
E eu disse que não fazia nada. Só fechava os olhos, o sono vinha e eu adormecia. E ele me respondeu, com toda calma digna de seus cabelos alinhados e acinzentados: "Pronto. É isso. Morrer é dormir. Você não sabe onde vai, se vai e se volta. Mas, você faz. Todos os dias". Nunca mais chorei pensando nisso.
E há cerca de um mês, ouvi "Streets Bloom". E ouvi de novo. E de novo. E neste meio tempo pedi demissão do emprego e tô refletindo, pensando no que me dá prazer nessa vida. NESSA vida. 
Porque eu não sei se vai haver outra. Só sei desta aqui, que está acontecendo agora. Então, eu preciso definir o que quero. Traças objetivos, parar de aceitar o que o tempo traz, porque ele próprio é relativo e tem seu próprio "tempo". 
Aceitar a morte parece "se conformar com o inevitável". Mas é justamente o contrário: Aceitar que por mais que exista algo que é imutável, antes que isto aconteça, quem decide o que fazer da própria vida, sou eu. Porque "quando eu morrer, não saberei quem eu fui. Mas eu estou mais viva do que nunca, para traçar o meu caminho" (*).

 (*) É a tradução literal do trecho da música "Streets Bloom", da CéU: "(...) When I die, I'll be not aware of who I am

But I'm more alive than ever
To trace my way."

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Sou aquela que dança quando a música acaba.