Eu
tenho medo de morrer. Muito. Sempre tive. Desde pequena, acordava no
meio da noite e ia correndo pra cama da minha mãe. Só pra perguntar
(chorando): "Quando a gente morre, tudo acaba???". Imagina? Eu tinha 7
anos!
E
durante anos foi assim. Muita terapia, muito choro, muitos bate-papos
com com religiosos, com gente de todo tipo e de toda crença. Só que a
pergunta "pra onde a gente vai quando morre?" não me saía da cabeça. Era
uma angústia genuína, que chegava a disparar o coração e dar medo. Já
adulta, tinha de acender um cigarro ou beber um copo d'água, pra
passar.
Aí, um dia, eu conheci o León...
León é psiquiatra e médium. E amigo da minha avó. Um dia, me viu no meio de uma "crise". Sentou na minha frente e disse: "Fecha os olhos. Como se você fosse se preparar pra dormir. O que você faz?".
Aí, um dia, eu conheci o León...
León é psiquiatra e médium. E amigo da minha avó. Um dia, me viu no meio de uma "crise". Sentou na minha frente e disse: "Fecha os olhos. Como se você fosse se preparar pra dormir. O que você faz?".
Pois bem, nunca tinha pensando nisso...
E
eu disse que não fazia nada. Só fechava os olhos, o sono vinha e eu
adormecia. E ele me respondeu, com toda calma digna de seus cabelos
alinhados e acinzentados: "Pronto. É isso. Morrer é dormir. Você não
sabe onde vai, se vai e se volta. Mas, você faz. Todos os dias". Nunca
mais chorei pensando nisso.
E
há cerca de um mês, ouvi "Streets Bloom". E ouvi de novo. E de novo. E
neste meio tempo pedi demissão do emprego e tô refletindo, pensando no
que me dá prazer nessa vida. NESSA vida.
Porque
eu não sei se vai haver outra. Só sei desta aqui, que está acontecendo
agora. Então, eu preciso definir o que quero. Traças objetivos, parar de
aceitar o que o tempo traz, porque ele próprio é relativo e tem seu
próprio "tempo".
Aceitar
a morte parece "se conformar com o inevitável". Mas é justamente o
contrário: Aceitar que por mais que exista algo que é imutável, antes
que isto aconteça, quem decide o que fazer da própria vida, sou eu. Porque "quando eu
morrer, não saberei quem eu fui. Mas eu estou mais viva do que nunca,
para traçar o meu caminho" (*).
(*) É a tradução literal do trecho da música "Streets Bloom", da CéU: "(...) When I die, I'll be not aware of who I am
But I'm more alive than ever
To trace my way."
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